Com as eleições municipais de 6 de outubro se aproximando, a Fundação Marcopolo se antecipou ao calendário eleitoral promovendo a primeira edição do simpósio “O Futuro Que Queremos”. O evento, que ocorreu nos dias 19 e 20 de agosto no UCS Teatro, reuniu diversos atores sociais com o objetivo de sensibilizar principalmente os jovens para o debate sobre o futuro, educação e inovação.
A ideia do simpósio surgiu após uma excursão imersiva em Medellín, Colômbia, realizada em abril deste ano. A cidade, antes conhecida por sua violência, se transformou ao longo de três décadas em um modelo de soluções inovadoras em educação e cultura. Inspirada por essa experiência, a Fundação Marcopolo convidou especialistas de diversas áreas para compartilhar suas perspectivas e experiências de transformação.
O primeiro dia do simpósio, na segunda-feira (19), foi aberto pelo biólogo Átila Iamarino, conhecido por sua atuação durante a pandemia de Covid-19. Ele abordou o tema "Qual o Risco da Inteligência Artificial Tomar Conta do Mundo", questionando os reais benefícios e desafios da IA. Átila destacou que, apesar do avanço tecnológico, a IA ainda enfrenta os mesmos problemas de desinformação, concentração de recursos e impacto ambiental que outras tecnologias anteriores. Além disso, ele ressaltou o papel crescente das redes sociais como fontes de informação científica para os jovens, que buscam conhecimento em plataformas como TikTok, YouTube e Instagram.
Na terça-feira (20), o evento prosseguiu com uma série de painéis que discutiram inovação, segurança pública e cidadania. Pela manhã, os participantes puderam conhecer o exemplo de Medellín, através das palestras do antropólogo colombiano Santiago Uribe Rocha e do cientista político belga Jean-Edouard Tromme. Tromme destacou a importância do investimento em mobilidade urbana como um fator crucial para o desenvolvimento e a coesão social, afirmando que "mobilidade fortalece o sentido de pertencimento, e isso facilita para que se possa sonhar e imaginar um futuro".
À tarde, o simpósio continuou com um painel que abordou medidas de pacificação em áreas de conflito, apresentado pelo sub-comandante do 12º BPM, Wagner Carvalho, e o rapper Chiquinho Divilas. Cada um trouxe suas perspectivas: um, do ponto de vista das forças de segurança, e o outro, da cultura de rua. Chiquinho ressaltou a importância de oferecer oportunidades aos jovens, especialmente em comunidades onde a violência é uma realidade constante, destacando que cultura e educação devem ser pilares das políticas públicas.
Além disso, o simpósio contou com a participação de agentes culturais locais que discutiram a transformação social por meio de projetos comunitários em Caxias do Sul. Iniciativas como o Mosaico da Quebrada, Projeto Semente Conquista, Projeto Mão Amiga e o Fluência Hip Hop, que promove o breaking dance, foram apresentadas, mostrando que a mudança já está em movimento na cidade.
O encerramento do evento ficou por conta do jornalista Caco Barcellos, que conduziu o painel "Cidadania x Desigualdade: A Formação do Brasileiro do Futuro". Com mais de 50 anos de experiência, Caco compartilhou suas vivências como repórter e destacou a importância de estar nas ruas, onde as histórias da maioria dos brasileiros acontecem. Ele criticou o silêncio diante das desigualdades sociais, afirmando que "nada é mais radical do que ser apolítico".
O simpósio “O Futuro Que Queremos” foi uma oportunidade única para os participantes refletirem sobre o papel das novas gerações na construção de uma sociedade mais justa e sustentável, além de promover o debate sobre temas cruciais para o futuro, como educação, inovação e cidadania.
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