A Câmara de Vereadores de Caxias do Sul aprovou, por maioria de votos, na sessão desta quinta-feira (27), o projeto que autoriza o município a custear possíveis danos ocasionados pela remoção de uma locomotiva a vapor das dependências da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas. O projeto, enviado pelo Executivo, prevê um teto de até R$ 500 mil para reparos estruturais na instituição de ensino, caso necessário.
A locomotiva, fabricada em 1921 pela American Locomotive Company (Alco), pesa cerca de 80 toneladas e está na Ulbra Canoas há mais de 20 anos. O equipamento pertencia ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e foi oficialmente doado ao município, com a intenção de ser instalado no Largo da Estação Férrea. O objetivo da iniciativa é transformar a locomotiva em um atrativo turístico e cultural, resgatando a memória ferroviária da cidade.
DISPUTA SOBRE CUSTOS E TRANSPARÊNCIA
O líder de governo na Câmara, vereador Daniel Santos (Republicanos), destacou que a quantia estipulada para os reparos não deve atingir o limite previsto no projeto. Segundo ele, a Ulbra busca apenas uma garantia de que eventuais estragos serão cobertos pela Prefeitura.
— Existe uma lei federal que garante reparos de até R$ 150 mil. A Ulbra tem receio de que esse valor seja ultrapassado, então a estimativa é de até R$ 500 mil, mas não deve chegar a isso — explicou Santos.
Apesar da aprovação, houve polêmica sobre os custos da operação. Vereadores da oposição, como Sandra Bonetto (Novo) e Estela Balardin (PT), criticaram a falta de transparência do projeto, argumentando que o documento não detalha os valores exatos dos gastos.
— Não adianta apenas trazer a locomotiva. A Estação Férrea precisa de um museu, de uma biblioteca. Falta clareza sobre o aproveitamento do veículo, sendo que apenas o restauro pode custar até R$ 3 milhões — afirmou Bonetto.
LOGÍSTICA E PRÓXIMOS PASSOS
A remoção da locomotiva será realizada por uma empresa privada que se ofereceu para custear o transporte, sem custos ao município. Assim, os únicos gastos da Prefeitura serão relacionados a eventuais danos na estrutura da Ulbra Canoas.
A instalação do equipamento no Largo da Estação Férrea também tem relação com a conclusão das obras no local. O líder do governo municipal explicou que a locomotiva precisa ser posicionada antes da finalização do calçamento e das demais intervenções na região.
— A obra está atrasada porque precisamos colocar a locomotiva antes de finalizar os trabalhos, evitando que tenhamos que refazer a estrutura futuramente — disse Santos.
APROVAÇÃO DO PROJETO
O projeto foi aprovado por 12 votos a favor e cinco contrários. Entre os que votaram contra estavam os vereadores Capitão Ramon (PL), Hiago Morandi (PL), Daiane Mello (PL), Sandra Bonetto (Novo) e Estela Balardin (PT). Os parlamentares da base do governo defenderam a vinda da locomotiva como um incentivo ao turismo e à cultura local.
A expectativa agora é a sanção do projeto pelo prefeito Adiló Didomenico, para que a remoção da locomotiva possa ser realizada o mais breve possível.
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