O Rio Grande do Sul e seus desafios para retomar os níveis de desenvolvimento de cinco décadas atrás foram temas abordados pelo empresário Astor Milton Schmitt durante uma reunião-almoço da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no RS (AHK Porto Alegre). Schmitt ressaltou que o estado está entre os maiores investidores em tecnologia e inovação, fatores essenciais para o crescimento econômico. Em sua palestra, ele destacou a importância da indústria como força multiplicadora de riquezas, reforçando que, para cada real investido, o retorno pode alcançar até R$ 2,70.
Com ampla experiência em associações e governança corporativa, Schmitt atua como diretor corporativo e conselheiro em grandes empresas da região, como a Randoncorp e a Marcopolo. Everton Oppermann, presidente de honra da AHK, destacou a expertise de Schmitt na Serra Gaúcha, especialmente em temas como os desafios para a reconstrução do RS. Em entrevista ao Jornal do Comércio, Schmitt apresentou sua visão sobre as oportunidades e os caminhos para reposicionar o estado no cenário nacional.
Desenvolvimento da Serra e Infraestrutura
Ao ser questionado sobre os impactos do início das obras do Porto Meridional, em Arroio do Sal, e do aeroporto de Vila Oliva, em Caxias do Sul, Schmitt afirmou que a comunidade regional recebeu as notícias de forma muito positiva, devido à concentração da indústria de transformação no estado. Ele ressaltou que esses projetos são essenciais para a competitividade da região, pois a maior parte da produção industrial do RS está situada em um raio de 200 quilômetros, incluindo a Região Metropolitana, Serra, Vales do Sinos e Taquari. "O porto e o aeroporto são extremamente importantes para nós", afirmou.
Investimentos Aeroportuários em Torres e Canela
Os investimentos nos aeroportos de Torres e Canela também foram destacados como contribuições importantes para a economia da Serra Gaúcha. Schmitt explicou que, apesar de seu valor, esses aeroportos não possuem o potencial e a abrangência do projeto de Vila Oliva, que visa se tornar um centro de cargas e tráfego internacional, sendo uma alternativa ao Aeroporto Salgado Filho, que recentemente enfrentou desafios devido ao isolamento causado por enchentes.
Os Desafios Estruturais do Rio Grande do Sul
Schmitt também comentou sobre o panorama atual do estado, comparando com os anos 70 e 80, quando o Rio Grande do Sul era conhecido como o “celeiro do Brasil”. Com a desindustrialização e a perda de capital humano, o RS agora enfrenta uma realidade mais difícil, com altos custos de logística e falta de infraestrutura. Segundo ele, enquanto Santa Catarina conta com seis portos e mais um em construção em 440 km de costa, o Rio Grande do Sul tem apenas um em 400 km.
A Indústria e as Oportunidades Futuras
Apesar dos desafios, Schmitt enxerga o setor industrial como um motor para o desenvolvimento. Ele destacou que o Rio Grande do Sul possui recursos e potencial para liderar em áreas como energias renováveis e sequestro de carbono, que devem ganhar ainda mais relevância diante das mudanças climáticas globais. Ele enfatizou que, embora o estado enfrente problemas, a inovação e a pesquisa sempre foram forças impulsionadoras. Com participação de 6,5% no PIB brasileiro e sendo responsável por 50% dos recursos da Finep, o RS mostra que continua apostando em uma visão de longo prazo para o crescimento sustentável.